Eventualmente, o Brasil é assolado por crises hídricas que trazem para o centro da discussão a geração fora da ordem de mérito (GFOM) como uma das soluções para garantir o atendimento do consumo de energia do país.
Com uma matriz predominantemente hidroelétrica, a falta de chuvas impacta fortemente o atendimento ao consumo de energia de todo Sistema Interligado Nacional (SIN), que é a rede de transmissão, distribuição e geração do território nacional e engloba grande parte do consumo do país.
Um caso recente foi em 2021, quando passamos pela pior estiagem dos últimos 90 anos e os níveis dos reservatórios chegaram a patamares inferiores ao observado em 2015, ano que a região Sudeste sofreu com o racionamento de água para consumo.
Situações como essa levam a medidas extremas, no caso, o acionamento das usinas termelétricas fora da ordem de mérito, ou seja, fora do planejamento da operação.
O resultado é um custo maior para todos os consumidores do SIN, além do impacto ambiental dos gases poluentes gerados pela queima de combustível fóssil necessário para produzir energia.
Quer entender melhor o que é e como funciona a geração fora da ordem de mérito? Continue a leitura e entenda quando ocorre o acionamento.
O que é GFOM?
A geração fora da ordem de mérito (GFOM) acontece quando uma usina termelétrica não está programada para gerar energia de acordo com o planejamento do Operador Nacional do Sistema (ONS), mas é chamada a operar para garantir o atendimento do consumo, seja imediato ou futuro.
O órgão responsável por fazer o planejamento dos despachos é o Operador Nacional do Sistema (ONS). O objetivo é que as operações tenham o melhor custo benefício, buscando modicidade tarifária aos consumidores finais.
A GFOM substitui o despacho das usinas hidrelétricas auxiliando no processo de recuperação dos reservatórios. Esse despacho é definido pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que tem por objetivo garantir a segurança energética para atender a demanda de energia do país.
O acionamento da GFOM muda a liberação das geradoras hidrelétricas e é solicitado pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) junto ao ONS para garantir a segurança energética e a demanda de consumo do país, até que aconteça a recuperação dos reservatórios das usinas hidrelétricas.
Leia mais e conheça as principais instituições do setor elétrico e entenda a função de cada uma na organização do abastecimento.
O que são usinas fora de ordem de mérito?
As usinas fora de ordem de mérito são as unidades acionadas pelos despachos da GFOM para operar e gerar energia.
No caso, são usinas termelétricas que geram energia por meio da queima de combustíveis fósseis e têm um custo mais alto do que as despachadas dentro da ordem de mérito de custo.
Ou seja, quando o modelo de otimização DESSEM, um dos modelos computacionais utilizados na operação do sistema e precificação da energia, comprova a necessidade de acionar as termelétricas, o governo emite uma ordem de despacho, priorizando aquelas que possuem o menor custo.
As usinas que estão dentro da ordem tem um custo variável unitário (CVU) menor do que o custo marginal de operação (CMO). O CMO refere-se ao que é gasto para gerar uma unidade de carga adicional (1 megawatt hora – MWh).
Idealmente, apenas as usinas despachadas, que têm um CVU abaixo do valor do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), deveriam ser acionadas para que o preço da energia elétrica não seja tão alto.
Confira no vídeo abaixo uma explicação completa sobre o que é PLD e como é feito o cálculo:
Porém, devido a impedimentos físicos, falta de ligação da usina despachada com a rede ou por decisão da ONS para o momento atual, algumas usinas fora de ordem de mérito podem substituir as primeiras para atenderem a necessidade de geração.
A operação GFOM tem um custo maior que o PLD e impacta diretamente toda cadeia consumidora de energia.
Quando ocorre geração fora da ordem de mérito?
A ativação das termelétricas e a geração fora da ordem de mérito é o plano B do governo para manter o Sistema Interligado Nacional (SIN) distribuindo energia elétrica a todas as regiões do país.
Devido aos gastos serem muito mais caros que o das usinas hidrelétricas, o CMSE, o ONS e a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) estudam o cenário para decidir quando a geração fora da ordem de mérito será necessária.
Isso porque a decisão vai significar o aumento no custo da tarifa de energia elétrica para o consumidor, impactando não só o uso residencial, mas também o comercial e o industrial, gerando uma cadeia de repasses de custos, encarecendo a produção de bens e consumo.
Esse cenário ocorre principalmente pela falta de água vinda das chuvas para abastecer os reservatórios das hidrelétricas que são o coração da matriz elétrica no Brasil.
Apesar de existirem meios de estudar e fazer uma previsão das chuvas, não é algo que seja possível prever com 100% de precisão. Por isso, é necessário ter um plano B que mantenha o fornecimento de energia.
Além das consequências econômicas que a geração fora da ordem de mérito (GFOM) gera, existe também o impacto ambiental dessa produção.
Com o mundo vivendo os impactos do aquecimento global pelas altas emissões de gases estufa, essa alternativa mostra que o caminho até um sistema de geração de energia mais limpo e sustentável será longo.
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Aprenda como negociar o valor da energia
Agora que você já sabe o que é e como funciona a geração fora da ordem de mérito (GFOM), deve estar se perguntando como otimizar os custos com energia elétrica no seu negócio, não é mesmo?
É provável que as consequências da GFOM já tenham se materializado na sua fatura e, por isso, uma mudança é ainda mais urgente.
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