A qualidade da infraestrutura operacional nas empresas e indústrias é mantida com a criação de um bom plano de manutenção, que abrange todas as áreas necessárias e monitora de perto os ativos.
O planejamento é uma forma simples, mas bastante efetiva, de organizar processos de trabalho, estabelecendo os padrões necessários para consolidar operações.
A manutenção, por sua vez, envolve um conjunto de tarefas relacionadas aos cuidados com as instalações, máquinas e outros equipamentos, e garante o desempenho adequado de suas funções.
Um estudo da Plant Engineering, realizado em 2021, destacou que 29% das fábricas investem de 5% a 10% do orçamento anual em manutenção, 24% utilizam de 11% a 15% e 17% gastam acima de 15%.
O levantamento ainda apontou que 44% das empresas gastam mais de 40 horas semanais para realizar processos de manutenção.
Por isso, é essencial tornar essa atividade mais eficiente, buscando novas soluções para agilizar e melhorar as operações.
Continue no artigo até o fim e confira nosso guia completo sobre plano de manutenção, sua importância, os tipos existentes e o passo a passo para fazer o planejamento.
O que é plano de manutenção?
O plano de manutenção é um documento que define a periodicidade e frequência das tarefas de monitoramento e reparo. Além disso, especifica as máquinas e equipamentos necessários para realizar as operações.
Por isso, para facilitar o entendimento dos profissionais responsáveis pela execução das atividades, o texto precisa ser claro e objetivo.
Em um estudo da Advanced Technology Services (ATS), publicado em 2020, 68% das empresas entrevistadas classificaram seus planos como “bom, mas necessita de melhorias”— apenas 19% responderam à opção “excelente e de alto nível”.
Ou seja, a melhoria contínua dos processos de manutenção é o que garante a eficiência do plano, permitindo realizar ajustes para melhorar a qualidade do trabalho.
Afinal, saber ‘quando e se um equipamento falhará’ e ‘devido a que tipo de falhas’ é fundamental para consolidar operações de manutenção eficientes.
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Por que é importante planejar as manutenções?
O principal motivo para as empresas criarem um plano de manutenção é garantir a segurança dos responsáveis pela operação das máquinas e equipamentos.
Identificar problemas, falhas iminentes e desgastes nas peças, entre outras ocorrências com antecedência, permite realizar trocas e evitar acidentes que coloquem em risco a integridade física dos colaboradores.
Outros motivos que reforçam a importância do planejamento de manutenções são:
Amplia a segurança dos processos
Além de evitar acidentes de trabalho, o plano de manutenção reduz os riscos de danos ambientais que podem ser desencadeados por métodos de uso errado que geram resíduos poluentes.
Com as técnicas de manutenção executadas na frequência correta, a segurança geral dos processos aumenta e fortalece a confiança da equipe nos métodos de trabalho.
Diminui os custos operacionais
As manutenções periódicas melhoram a previsibilidade de falhas e previnem paradas inesperadas que podem gerar custos de correção altos para as empresas.
Dessa forma, a vida útil das máquinas e equipamentos aumenta, o que reduz a necessidade de novos investimentos e o descarte dos ativos.
Leia mais >>> O que são custos de manutenção? Como controlar as despesas?
Eleva as habilidades técnicas da equipe
Um plano de manutenção detalhado e com instruções claras eleva o nível de qualidade das habilidades da equipe técnica. Os responsáveis aprendem a executar reparos e fazer análises detalhadas dos equipamentos, ganhando mais confiança nos processos.
Por isso, é fundamental que o documento explique detalhadamente os procedimentos, as ferramentas de apoio, os materiais utilizados, o cronograma, entre outras informações, para os técnicos serem produtivos.
Estabelece um padrão de qualidade das atividades
Além da organização das atividades, o plano de manutenção é criado visando definir um padrão de qualidade para o trabalho.
Ou seja, todos os técnicos são treinados para realizar os procedimentos da mesma forma. Assim, as empresas mantêm a consistência dos processos, o que também reforça a segurança.
Leia também >>> Indicadores de qualidade: 10 tipos + como implementar.
Antecipar possíveis falhas
O objetivo principal do plano é prevenir falhas, portanto, os diferentes tipos de manutenção devem atuar integralmente para detectar e corrigir problemas antes que eles gerem danos inesperados.
A execução das tarefas nos padrões definidos ainda garante a produtividade de toda cadeia produtiva.
Quais são os tipos de manutenção existentes?
Os tipos de manutenção podem ser divididos em duas categorias: manutenção planejada e não planejada. Cada opção tem características e objetivos específicos. Conheça os grupos a seguir:
Manutenção planejada
Os tipos de manutenção planejada seguem um plano com a programação antecipada das atividades que serão realizadas e inclui três subcategorias:
Manutenção preventiva
A manutenção preventiva segue um plano predefinido com tarefas e procedimentos que devem ser realizados para verificar se as máquinas estão funcionando adequadamente.
Assim, quando necessário, os técnicos substituem peças e fazem a regulagem dos componentes, melhorando a produtividade e reduzindo custos. É fundamental elaborar um plano de manutenção com cronograma para executar os processos preventivos.
As principais vantagens desse tipo de manutenção são:
- diminuir o envelhecimento e deterioração do maquinário;
- aumentar da vida útil dos ativos;
- reduzir as paradas e tarefas com fins corretivos;
- conter os riscos de acidentes.
Manutenção preditiva
A manutenção preditiva utiliza ferramentas, como termografia, ultrassom, sensores de vibração, entre outros, para coletar dados e analisar a integridade dos equipamentos.
Com os resultados, os técnicos verificam o nível de desgaste e quais reparos e trocas de peças são necessários. A principal diferença para a manutenção preventiva é que as ferramentas monitoram as máquinas de forma contínua.
Os resultados são acompanhados por meio de softwares ou com a checagem periódica dos equipamentos selecionados. Os benefícios da abordagem preditiva são:
- determinar a causa raiz do problema de cada máquina;
- prever com mais eficiência quando é necessário realizar uma manutenção;
- diminuir a quantidade de ações corretivas;
- garantir a operacionalidade do equipamento;
- reduzir gastos com a manutenção, aumentando a vida útil dos ativos.
Manutenção detectiva
A manutenção detectiva, chamada também de proativa, é baseada nas observações dos colaboradores durante os testes no sistema de proteção do maquinário.
A experiência da equipe que opera os equipamentos auxilia no processo de manutenção, melhorando a confiabilidade no desempenho das máquinas. Alguns tipos de testes realizados na manutenção detectiva são:
- vistoria de bombas de incêndio;
- testes de detectores de gás, fumaça e fogo;
- testes de fornos e caldeiras;
- testes de malhas de controle dos dispositivos de segurança;
- testes com válvulas de todos os tipos;
- perícia veicular anual.
Manutenção não planejada
A manutenção não planejada, como o próprio nome indica, ocorre fora da programação. O principal tipo é a manutenção corretiva, dividida em: corretiva não planejada e corretiva planejada. Entenda a diferença a seguir:
Manutenção corretiva não planejada
É um tipo de manutenção imprevisível, acionado quando a máquina já está fora de ação devido a uma falha. Os problemas podem acontecer de forma inesperada ou serem consequência da falta de monitoramento do desempenho.
Por isso, a manutenção corretiva não planejada também é chamada de manutenção emergencial. Apesar de emergências acontecerem de fato, o plano de manutenção com os métodos programados evitam os prejuízos de tempo, dinheiro e produtividade.
Porém, é fundamental destacar que os técnicos responsáveis pela gestão de maquinário devem estar prontos para entrar em ação e executar as manutenções corretivas.
Manutenção corretiva planejada
A manutenção corretiva planejada, por sua vez, é executada quando as demandas de reparos não são emergenciais e podem ser adiadas para um momento oportuno.
Os técnicos verificam os equipamentos que apresentam, por exemplo, um baixo desempenho para analisar se eles colocam em risco a segurança e a produtividade da cadeia operacional. Se não, o trabalho é agendado para uma data futura.
Esse tipo de manutenção é vantajoso nas seguintes situações:
- quando são ativos com custos de manutenção ou substituição baixos;
- em ciclos de produção com mais de uma máquina executando a mesma função;
- em linhas de produção que geram estoque temporário antes de uma etapa mais lenta;
- em ocorrências fora de etapas críticas do processo produtivo;
- em máquinas de fácil manutenção;
- em equipamentos nos quais os técnicos resolvem o problema com rapidez.
Leia também >>> Manutenção corretiva: o que é, quando fazer + exemplos.
Como fazer um plano de manutenção?
A criação do plano de manutenção deve reunir as informações em um documento organizado para orientar a equipe sobre como e quando cada estratégia de monitoramento será executada.
Confira a seguir o passo a passo para organizar o planejamento e criar diretrizes claras para os processos de manutenção na sua empresa:
1. Faça um levantamentos dos ativos
Para compreender a dimensão do plano de manutenção, é essencial fazer um levantamento dos ativos utilizados na linha de produção. Ou seja, cada máquina, equipamento e sistema que auxilia o trabalho da equipe no chão de fábrica.
Caso sua empresa tenha um portfólio variado, existirão linhas de produção com processos diferentes. Então, crie listas separadas com uma breve descrição do trabalho e os ativos utilizados em cada processo.
2. Determine um ranking de classificação das falhas
Após finalizar o levantamento, destaque os ativos essenciais em cada linha de produção que precisam ter um bom desempenho para evitar problemas e atrasos nas entregas, como máquinas em bom estado, equipe posicionada, embalagens prontas, entre outros.
O ranking de classificação pode ser baseado em uma pontuação e associada a um efeito. Por exemplo:
- Nenhum efeito: 1 ponto
- Efeito baixo: 2 pontos
- Efeito moderado: 3 pontos
- Efeito alto: 4 pontos
- Efeito perigoso: 5 pontos
Quanto maior a pontuação, maior é o dano causado pela falha ou desajuste identificando. Assim, a equipe realiza a manutenção conforme a urgência necessária para evitar a parada total.
3. Divida o plano em categorias
Uma estratégia para direcionar melhor o plano de manutenção é definir processos para cada categoria de ativos. Por exemplo, os circuitos eletrônicos terão procedimentos específicos de verificação para manter o funcionamento eficiente e sem desperdícios.
O mesmo processo pode ser aplicado em motores e outros componentes para que as necessidades de cada grupo de máquinas seja atendida.
4. Inclua as orientações do fabricante
Uma dica estratégica para criar um plano de manutenção eficiente é basear as orientações de ajustes e trocas de peças nas orientações dos fabricantes.
Partindo das diretrizes indicadas no manual de cada equipamento, inclua cuidados extras, quando necessário, para fazer um controle efetivo dos ativos da empresa.
5. Atribua uma equipe responsável para cada grupo de ativos
O plano de manutenção deve indicar a equipe responsável pelo monitoramento e reparos de cada grupo de ativos envolvidos na operação. A definição facilita o acionamento dos técnicos, agilizando o trabalho, especialmente em situações emergenciais.
Além disso, a divisão otimiza o treinamento da equipe que melhora suas habilidades e realiza as manutenções com segurança e mais confiança nos processos adotados.
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6. Monitore o andamento do plano de manutenção
Após organizar as etapas anteriores, o plano de manutenção pode entrar em ação. Entretanto, é essencial monitorar as atividades para garantir a execução correta dos processos.
A equipe de gestão da manutenção ainda pode estabelecer indicadores para monitorar a qualidade do trabalho, como o OEE (Overall Equipment Effectiveness), que significa eficiência global do equipamento.
Com o apoio deste e de outros dados quantitativos, o time acompanha os resultados e realiza os ajustes necessários nas diretrizes para que o plano funcione conforme o programado.
Invista em soluções eficientes para sua empresa
A criação de um plano de manutenção é uma forma de garantir que os ativos nos quais a empresa investiu aumentem o volume de produção e gerem um retorno do investimento positivo.
Por isso, quanto mais eficientes forem as soluções implementadas, maior é a economia de recursos e custos associados a correções de falhas. Quer mais dicas para utilizar o orçamento de forma precisa?
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