O processo de melhoria contínua exige a observação constante dos fatores que influenciam a conquista de bons resultados. Porém, sem ajuda, pode ficar difícil chegar a uma conclusão quando existem muitos processos. É aí que entram em cena ferramentas, como o diagrama de Pareto.
Se você conhece um pouco sobre gestão da qualidade, está ligado no sobrenome, ou já ouviu sobre a metodologia, mas com o nome de regra 80/20.
O princípio é que 80% dos resultados são causados por 20% dos esforços, ou seja, podem existir etapas que não agregam tanto ao trabalho e são elimináveis. Outro exemplo é levantar quais os gastos que representam os maiores custos de um setor.
A vantagem de utilizar um método com representação gráfica é que a análise visual facilita a compreensão do cenário, tornando a avaliação mais precisa.
Neste artigo, você confere um guia completo sobre o diagrama de Pareto, para que serve, quando usar, passo a passo com a aplicação prática da ferramenta, exemplo e mais.
Continue a leitura e confira!
O que é diagrama de Pareto?
O diagrama de Pareto é uma ferramenta de gestão da qualidade que auxilia na análise dos fatores que mais contribuem para o sucesso ou insucesso de uma atividade. O princípio é que 80% dos resultados são obtidos de apenas 20% dos esforços.
Dessa forma, é possível classificar os fatores que contribuem para erros na produção, problemas de organização, feedbacks de desempenho, entre outros.
É importante destacar que o diagrama não aponta causas. O objetivo é classificar o que contribui mais e menos com um processo para orientar as tomadas de decisão.
Criação da ferramenta
O criador que dá nome ao diagrama é Vilfredo Pareto, um economista nascido na Itália, no século XIX, que desenvolveu a metodologia durante seus estudos sobre a desigualdade econômica no país.
Por meio de seus estudos, Pareto concluiu que apenas 20% da população italiana da época possuía 80% das riquezas geradas. Foi daí que surgiu a relação 80/20.
Em 1937, Joseph Juran incluiu o diagrama de Pareto entre as sete ferramentas da qualidade utilizadas para analisar o desempenho de processos industriais e, assim, descobrir quais ações devem ser priorizadas conforme a atividade.
Estrutura do diagrama
O diagrama de Pareto é formado por dois conjuntos de dados:
- gráfico de colunas: mostra a frequência em relação às causas, indicando a porcentagem das ocorrências da maior para a menor.
- linha de porcentagem acumulada: indica o crescimento do índice de ocorrência, obtido a partir da soma do valor da primeira frequência com a segunda, depois a terceira e assim por diante.
A imagem abaixo ilustra um gráfico de Pareto pronto com os dados gráficos dispostos em colunas nomeadas, as porcentagens da frequência e a linha mostrando a evolução do acumulado.
Fonte: Ferramentas da Qualidade.
Leia também >>> Indicadores de qualidade: quais são e como implementá-los?
Diagrama de Pareto: para que serve?
O diagrama de Pareto serve para guiar a análise de diversos contextos da gestão industrial, como eliminar processos desnecessários ou fora do padrão, destacar os fatores da operação que podem ser otimizados, além de orientar quais planos de ação devem ser executados primeiro para favorecer os resultados esperados.
A ferramenta é estratégica para organizar as discussões e tornar as reuniões mais objetivas, baseando a conversa em dados confiáveis.
Por isso, o gerenciamento de dados em cada setor de uma empresa precisa ser realizado corretamente. Sem essas informações, o processo pode demorar mais, afinal, será preciso consultar e compilar os dados nas ferramentas de gestão industrial.
Quando e onde utilizar o Diagrama de Pareto?
O princípio de Pareto pode ser utilizado para identificar e classificar os fatores que mais influenciam em situações, como:
- identificar a frequência com que medidas fora do padrão, defeitos por lote produzido, feedback negativo de clientes e outras ações ocorrem;
- organizar por ordem de relevância os fatores que interferem no andamento de uma operação;
- aprofundar a análise de um processo específico entre os problemas que estão impactando o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ);
- elencar eventos correlacionados em um cenário avaliado por ordem.
Em relação ao uso e onde aplicar, os contextos são diversos como visto acima, demonstrando a versatilidade da ferramenta e sua importância no processo de melhoria contínua.
Então, além de ajudar a definir a prioridade na realização de medidas corretivas, uma vez que mostra claramente quais são os desperdícios que mais acontecem, o diagrama pode guiar atividades quando o objetivo é otimizar o trabalho em uma determinada área.
Leia também: 5 dicas de como evitar o desperdício de energia elétrica.
Como fazer um diagrama de Pareto? Passo a passo
Agora que você já conhece em detalhes como a ferramenta funciona e qual é o objetivo de uma análise de Pareto, listamos a seguir o passo a passo para criação do diagrama. Acompanhe!
1. Estabelecer o objetivo da análise
O primeiro passo para criar o diagrama de Pareto é estabelecer o objetivo da análise. O propósito da avaliação pode ser:
- reduzir a conta de energia elétrica da empresa;
- melhorar a gestão de resíduos;
- reduzir as reclamações de atraso de pedidos;
- ter um processo produtivo mais sustentável, entre outros.
Assim, a equipe tem um foco e a análise dos fatores é mais precisa, ajudando a observar o cenário com mais atenção.
2. Listar as causas do problema ou fatores relacionados à decisão
Para continuar o passo a passo, vamos usar como exemplo de objetivo da análise a redução na conta de energia elétrica. Algumas mudanças já foram implementadas, mas sem impacto significativo nos gastos.
Nesse caso, o próximo passo é listar as possíveis causas do problema para descobrir os fatores que estão interferindo na situação.
A energia elétrica, quando comprada via Mercado Cativo, tem o valor da taxa regulado pelo governo. Como é um insumo de alto custo para a indústria, esse é o principal fator que dificulta a economia na conta de luz.
Outros fatores são: maquinário antigo (gasta mais energia), tipos de equipamento da operação (chillers, compressores, fornos, inversores e motores são grandes consumidores), sistema de refrigeração, entre outros. Reúna todas as informações que tiver.
3. Selecionar as medidas e o intervalo da análise
A próxima etapa para a montagem do diagrama de Pareto é selecionar as medidas de comparação e o intervalo da análise.
As medidas de comparação são custo, frequência e tempo. No caso do exemplo que está ilustrando o passo a passo, o custo que os itens e a escolha de compra de energia geram para a empresa são as medidas principais.
O intervalo da análise pode ser o último ano ou, por exemplo, os três anteriores, quando foi identificado um salto nos gastos com energia. O período pode ser maior se houver dados históricos disponíveis para análise.
Leia também >>> Software de gestão empresarial: qual a sua função + 4 opções.
4. Levantar e reunir os dados
Com todos os dados levantados e reunidos, você pode listá-los em uma planilha de dados ou usar os relatórios gerados pelo software que faz a gestão de compras na empresa para obter o número de ocorrências de cada fator e a respectiva porcentagem.
5. Fazer a classificação das causas
Agora, classifique as causas começando da mais para a menos frequente conforme o dado numérico associado a cada dado extraído dos relatórios.
A planilha de dados do Excel ou de outro provedor é bastante útil e fácil de usar para fazer a classificação. Crie uma coluna para listar os eventos e outra para colocar o número de ocorrências e a porcentagem correspondentes.
O Minitab é outro programa utilizado na indústria. É uma ferramenta mais complexa e exige conhecimentos técnicos. Então, se algum membro for especializado em melhoria contínua, vale a pena usá-lo para criar o diagrama de Pareto.
6. Coloque a porcentagem referente a cada causa
Caso não tenha nenhuma ferramenta de automação de dados para extrair a porcentagem relativa a cada causa listada, o cálculo pode ser feito no próprio Excel, que tem recursos para obter a frequência que um valor ocorre em um conjunto de dados.
Lembrando que essa informação é fundamental para criar o gráfico corretamente.
Caso precise fazer o cálculo manual, fica a dica de uma fórmula rápida para encontrar a porcentagem:
% da causa = (n.º de vezes que uma causa acontece / soma do n.º de vezes de todos os motivos) x 100.
7. Use o Excel para criar o gráfico
Agora que a organização de todos os dados foi concluída, o próximo passo é usar o Excel ou o Minitab para criar o gráfico.
No Minitab, após inserir os dados, o sistema gera o gráfico automaticamente. No Excel, o processo também é simples.
Selecione todas as colunas de dados e clique em Inserir > Inserir Gráfico de Estatística > Histograma e escolha Pareto. Pronto! O gráfico fica na mesma aba onde está a tabela de dados com as colunas e a linha de porcentagem acumulada.
No vídeo abaixo, você pode conferir um exemplo do processo de criação do diagrama no Excel. Vale o play!
8. Criar um plano de ação para melhorar o cenário atual
Com o diagrama pronto, a equipe pode analisar quais são os fatores que mais influenciam o gasto total mensal com energia elétrica da empresa (este é o nosso exemplo, lembra?).
O próximo passo para dar continuidade ao processo, é criar um plano de ação para atuar sobre os pontos de maior impacto, pesquisando quais são as soluções para otimizar esse custo.
É fundamental estabelecer etapas e definir quem serão os responsáveis por executar cada parte do plano para que o problema não seja esquecido ou demore para ser concluído, prolongando o efeito da despesa no orçamento empresarial.
O lado bom é que também existem ferramentas complementares ao diagrama de Pareto para orientar a definição de planos de ação. Confira nos artigos abaixo, como utilizar duas dessas ferramentas:
- Ferramenta 5W2H: para que serve e como usar [com exemplo]
- Ciclo PDCA: o que é, etapas, como aplicar + erros [GUIA]
Diagrama de pareto: exemplo
No tópico anterior, você aprendeu como fazer um Pareto no Excel. Para concluir o exemplo relacionado ao custo de energia elétrica, suponha que o fator que mais contribui para o alto gosto é a taxa cobrada pela distribuidora local devido aos aumentos anuais sucessivos e as crises do mercado.
A justificativa, aliás, é real. Por isso, a indústria brasileira está cada vez mais focada em alcançar a eficiência energética.
Uma pesquisa encomendada pela multinacional suíça ABB, em 2022, apontou que 48% das companhias brasileiras estão investindo, e 51% planejam aumentar os investimentos em eficiência energética nos próximos anos.
Entre as soluções já adotadas está a troca de equipamentos para as melhores classificações de eficiência em consumo. Porém, o alto investimento para essa atualização é um obstáculo para os ganhos em longo prazo.
No Brasil, entretanto, existe outra opção para economizar e ainda escolher um tipo de energia de menor impacto para abastecer as atividades industriais: a migração para o Mercado Livre de Energia.
O custo-benefício de mudar de ambiente de contratação torna-se uma solução mais viável para reduzir a conta de luz. Neste ambiente, as negociações são mais flexíveis, as taxas dos contratos mais baixas e a diversidade de fornecedores dá acesso a produtores de energia limpa.
Com a análise detalhada por meio do princípio de Pareto, a equipe compreende melhor os fatores que influenciam o contexto energético da empresa, define qual melhoria será priorizada e as que podem ser realizadas em sequência.
Leia mais >>> Eficiência energética na indústria: o que é + importância.
Use a análise de Pareto 80/20 para economizar
Agora que você sabe como fazer o diagrama de Pareto, use a ferramenta como aliada na gestão de compras para encontrar as soluções certas que vão trazer os benefícios desejados (e mais economia!).
Além de uma boa metodologia de análise, nosso e-book ‘Saving em compras’ vai ajudá-lo a implementar o indicador em cada setor da sua empresa para medir a economia alcançada com as estratégias de otimização de custos e aumentar os lucros da empresa.
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