Os acordos mundiais pela descarbonização da indústria e de outros setores da economia estão impulsionando novas iniciativas. Nesse sentido, uma das fontes de energia em destaque é o hidrogênio verde, o H₂V.
A cadeia produtiva da maioria dos produtos e serviços gera emissão de carbono e outros poluentes que intensificam o efeito estufa e, consequentemente, aumentam a temperatura média do planeta.
Os países do mundo todo estão cientes dos efeitos atuais e futuros da falta de controle das emissões de gases do efeito estufa (GEEs) e acordos para redução já foram propostos como no Acordo de Paris em 2015.
A principal meta acordada é diminuir as emissões de GEEs para limitar a média de aumento da temperatura global a 2ºC.
Nesse sentido, o H₂V já é uma das principais iniciativas na Europa e, no Brasil, estão aparecendo os primeiros traços da produção.
Continue lendo o artigo para entender o que é e de onde vem o hidrogênio verde, onde ele pode ser utilizado, quem já produz esse tipo de energia no país e os desafios para o crescimento da produção.
Boa leitura!
O que é hidrogênio verde?
O hidrogênio verde (H₂V) é o gás obtido pela eletrólise da água, a partir da eletricidade proveniente de fontes de energia limpa e renovável, como energia solar, energia eólica, hidrelétrica, biomassa e biogás.
A utilização dessas fontes para gerar hidrogênio verde tem baixa ou nenhuma emissão de carbono, o que é um aspecto muito positivo da sua produção.
Quando queimado, o H2V não emite gás carbônico (CO2), apenas vapor d’água, por isso, há uma aposta muito grande no seu uso como fonte energética ou combustível.
Na indústria, o gás também pode contribuir para a diminuição da pegada de carbono das cadeias dos produtos.
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Como o hidrogênio verde é produzido?
O hidrogênio verde é produzido pela eletrólise da água, um processo químico que quebra a molécula de água em hidrogênio e oxigênio com o auxílio de uma corrente elétrica.
O fato da eletricidade utilizada na quebra vir de fontes renováveis de energia, faz com que o processo não libere gases estufa para a atmosfera.
No estudo ‘Hydrogen Insights 2022’, realizado pelo Hydrogen Council em parceria com a consultoria McKinsey, para que a projeção de emissão zero de CO2 seja alcançada até 2050, é necessário investir aproximadamente US$ 700 bilhões em gás H₂V até 2030.
A Europa está comprometida com essa meta e o Brasil é visto como um potencial grande colaborador na produção do gás.
A Alemanha, que atualmente passa por uma crise energética devido às restrições a energia vinda da Rússia, mas que tem metas climáticas ambiciosas, busca no Brasil um parceiro para impulsionar a produção de hidrogênio verde.
Outros países que estão investindo na produção de H₂V são Reino Unido, França, Estados Unidos, China, Coreia do Sul e Japão.
Onde o hidrogênio verde é usado?
O hidrogênio verde é usado como fonte de energia em diversos setores como a indústria química, petroquímica, siderúrgica, agrícola, entre outras. Como essas áreas demandam grande quantidade de energia para funcionar, utilizar uma fonte limpa e carbono zero beneficia todo processo.
Outro uso do gás é como combustível em veículos pesados tanto para transporte de passageiros quanto de mercadorias como aviões, navios, carros, ônibus e caminhões.
Como o gás H₂V também é armazenável, ele pode ser consumido localmente em hospitais, prédios comerciais e residenciais.
Quem produz hidrogênio verde no Brasil?
A produção de hidrogênio verde ainda é nova no Brasil, mas bastante promissora. Alguns nomes de quem já produz no país são:
White Martins
A unidade de Pernambuco da multinacional foi a primeira do Brasil a receber o “Green hydrogen certification”, concedido pela empresa alemã TÜV Rheinland, que comprova a qualidade dos processos de produção de gás H₂V.
O objetivo da White Martins é gerar 156 toneladas de hidrogênio verde anualmente para o mercado pernambucano.
EDP do Brasil e governo do Ceará
O governo do Ceará divulgou em setembro de 2021 que o estado receberia R$ 42 milhões em investimentos da EDP do Brasil para a criação de uma usina de hidrogênio verde no estado.
Em dezembro de 2022, o ‘Projeto Piloto de H2’ no Complexo Termelétrico do Pecém produziu a primeira molécula do gás. Em janeiro de 2023, a usina foi oficialmente inaugurada.
Unigel
A Unigel, empresa do setor de produtos químicos, está construindo uma fábrica para produção de hidrogênio verde em Camaçari, na Bahia.
O objetivo do projeto também prevê que uma parte do hidrogênio gerado seja convertido em amônia, produto muito requisitado na indústria.
O projeto de obra vai até o final de 2023 e o começo da produção em larga escala está planejado para o início de 2024.
Um aspecto que favorece o Brasil na produção de hidrogênio verde é a alta disponibilidade de fontes renováveis de energia como a solar, eólica e biomassa.
O Nordeste é uma região de destaque nos investimentos, justamente por concentrar usinas eólicas e solares que obtêm excelentes resultados de geração. Em julho de 2022, por exemplo, a região bateu recorde na geração eólica, produzindo 14.167 megawatts (MW).
Quais os desafios do hidrogênio verde?
Alguns desafios do hidrogênio verde atualmente são:
- Preço: o custo de produção ainda é alto, mas a expectativa é que ele caia à medida que a cadeia se expande. A estimativa é que até 2030, os custos produtivos diminuam 62%;
- Armazenamento e distribuição: a alta volatilidade e inflamabilidade do hidrogênio verde exige cuidados redobrados nos tanques e nas tubulações de transmissão para evitar perdas;
- Transporte: o uso do gás H₂V no setor de transportes exige que a indústria abrace o gás como alternativa prioritária e desenvolva soluções baseadas nele. Algo que já começa a se desenvolver.
O futuro da energia é verde
A expectativa para o hidrogênio verde é que sua produção receba seis vezes mais investimento até 2025, e 16 vezes mais até 2030 por meio de iniciativas privadas.
Esse movimento do mercado reforça o quanto as fontes de energia limpa podem contribuir para o desenvolvimento da economia e ao mesmo tempo serem determinantes para o alcance das metas climáticas.
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