O uso de energia renovável no Brasil coloca o país em uma posição de destaque no cenário regional e global. De acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, as fontes renováveis atingiram uma demanda de participação de 46,1% na matriz energética, o que representa três vezes o percentual mundial.
O potencial é tão impressionante que incentivou o executivo holandês Marco Krapels a deixar um cargo de confiança ao lado de Elon Musk na Tesla para abrir uma empresa de baterias móveis no Brasil. O motivo foi explicado pelo próprio em entrevista à revista Época:
“O Brasil é uma potência da energia renovável (…) No futuro, com o desenvolvimento das fontes de energia solar e eólica, associado ao uso de baterias, deve se tornar a primeira grande nação do mundo a usar 100% de energia renovável”.
Conhecendo as características geográficas do Brasil e todos seus recursos naturais, não se pode dizer que a previsão de Krapels não é realista. No entanto, também temos que admitir que o país ainda enfrenta uma série de obstáculos que o impedem de atingir sua capacidade total.
Pensando nisso, decidimos analisar os dados sobre energia renovável no Brasil e detalhar a participação de todas suas fontes na matriz energética nacional. Neste post você encontrará um guia sobre suas vantagens e seus desafios e ainda conhecerá exemplos de empresas dispostas a diminuir a dependência de combustíveis fósseis.
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Panorama da energia renovável no Brasil e no mundo
Em termos de capacidade instalada de energia renovável, o Brasil ocupa o terceiro lugar do ranking mundial, com 141.932 MW. Estamos atrás apenas da China, com incríveis 788.916 MW, e dos Estados Unidos, com 282.656 MW.
Esses números são relativos ao ano de 2019 e foram coletados pela Agência Internacional para Energias Renováveis (IRENA). Logo abaixo conseguimos ver um panorama mundial da capacidade instalada de energia renovável:
Como vimos no gráfico, ainda estamos a uma distância considerável da China. No entanto, o que chama a atenção é que já estamos sendo seguidos de perto pela Alemanha, um país consideravelmente menor e, embora mais desenvolvido, com muito menos recursos naturais.
Esse é um indicativo de que o Brasil ainda está muito longe de explorar todo seu potencial. E isso foi comprovado pelo Relatório da Situação Global das Renováveis de 2019, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
De acordo com esse relatório, o investimento global em energia verde ultrapassou US$ 2,6 trilhões na última década. Ainda segundo o PNUMA, cinco países se destacaram no investimento em soluções para reduzir os efeitos da mudança climática:
- China
- Índia
- Estados Unidos
- Japão
- Espanha
Você deve estar se perguntando o que está faltando para nosso país, com potencial reconhecido mundialmente, também se destacar entre os que mais investem em fontes limpas. Vamos tentar responder analisando alguns dados sobre a energia renovável no Brasil.
Antes, porém, vamos começar pelo básico e lembrar quais são as fontes de energia renováveis.
Quais são as fontes de energia renováveis?
As principais fontes de energia renovável são o sol, a água dos rios, as ondas e as marés, os ventos, os materiais orgânicos e calor do interior da Terra. Além destas, também podemos destacar o hidrogênio, a água salobra e a fotossíntese artificial.
O aproveitamento das principais fontes geram as seguintes energias:
Hidráulica
A força das águas dos rios é transformada em energia cinética e depois em eletricidade nas usinas hidrelétricas.
Biomassa
A queima de qualquer material orgânico não fóssil, como o bagaço de cana-de-açúcar, também pode ser usada para produzir energia.
Eólica
Os ventos giram as hélices das usinas eólicas que movem as turbinas e acionam os geradores de eletricidade.
Solar
Os raios solares são captados por painéis e convertidos em eletricidade ou geram calor para aquecer a água.
Geotérmica
As usinas geotérmicas injetam água no subsolo que, após evaporar devido às altas temperaturas, é conduzida até as turbinas para acionar o gerador de eletricidade.
Maremotriz
A movimentação mais intensa das ondas pode ser aproveitada para gerar energia, assim como a água das marés também pode ser represada como em hidrelétricas.
Hidrogênio
A combinação do hidrogênio com o oxigênio produz vapor de água e libera energia que é convertida em eletricidade.
Após conhecer todas essas fontes fica claro porque o Brasil tem tanto potencial. Com tantas delas em abundância em nosso território, como será que as aproveitamos?
Qual energia o Brasil mais utiliza?
A energia mais utilizada no Brasil, considerando tanto as renováveis como as não-renováveis, é a hidráulica. Sua participação na matriz energética nacional atinge mais de 60% do total, como indica o gráfico abaixo:
Devido ao seu enorme potencial hídrico, o Brasil vem historicamente focando seus investimentos em hidrelétricas. De acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), temos 875 hidrelétricas, centrais geradoras hidrelétricas e pequenas centrais hidrelétricas no país.
É justamente essa enorme quantidade de hidrelétricas que coloca o Brasil no Top 3 do ranking mundial de capacidade instalada de energia renovável. No entanto, é bom ressaltar que, apesar de a energia hidráulica ser limpa, a construção das hidrelétricas causa uma série de impactos ambientais e sociais.
O mais indicado seria o Brasil diversificar sua matriz renovável e investir mais para criar usinas de energia solar, eólica e de biomassa. Ainda que também causem repercussões na natureza, normalmente essas ocorrem apenas no local em que são produzidas e são facilmente controladas.
Qual é a porcentagem de uso de energia renovável no Brasil?
A participação das fontes renováveis na matriz elétrica nacional costuma ficar por volta de 80% do total. Como era de se esperar, a principal fonte de energia renovável no Brasil é a hidrelétrica, que representa mais de 60%, seguida pela eólica (cerca de 9%), biomassa e biogás (cerca de 9%) e solar centralizada (cerca de 1%).
Esses dados, divulgados pelo Ministério de Minas e Energia no início de 2020, indicavam que o Brasil havia superado a meta de capacidade instalada estabelecida para 2019 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Na ocasião, o diretor-geral da instituição, André Pepitone, destacou quais fontes tinham mais espaço para contribuir ainda mais:
“O maior potencial de crescimento é eólico, sobretudo na região Nordeste, e a solar, contribuindo com a geração de energia. Na energia térmica, um terço vem do bagaço da cana de açúcar”.
A previsão feita em 2019 se confirmou no ano seguinte. Em 2020 foram acrescidos ao sistema elétrico brasileiro 4.932 MW de potência instalada, sendo que cerca de 70% (3.519 MW) foram a partir de fontes renováveis. O grande destaque foi a eólica que, sozinha, representou 35% do total ampliado.
Segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o Brasil liderou o crescimento de energia eólica na América do Sul nos últimos dez anos. Além disso, ficou em oitavo lugar entre os países que mais geraram empregos no mundo por meio da energia solar fotovoltaica.
Potencial da energia renovável no Brasil
A perspectiva para o Brasil passar a ser o primeiro país a usar 100% de energia renovável é, de fato, animadora. Mas a verdade é que ainda estamos bem longe de aproveitar toda nossa capacidade.
Para comprovar, basta dar uma olhada em alguns fatos científicos sobre o potencial das três principais fontes renováveis do Brasil, além da hidrelétrica:
- De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Brasil recebe mais de 2.200 horas de irradiação solar por ano. Se tudo isso fosse aproveitado por painéis fotovoltaicos e convertido em energia elétrica, seria o equivalente a 15 trilhões de megawatts.
- Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), o potencial de geração do país é de cerca de 500 gigawatts. Esse número é três vezes maior que o atual parque nacional gerador de energia elétrica com todas as fontes disponíveis.
- Por fim, um estudo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) mostra que se todas as fontes de biomassa do Nordeste fossem usadas para fins energéticos seriam produzidos cerca de 55.000 GWh por ano. Isso corresponde a grande parte da energia elétrica consumida na região em 2010, que foi de 60.592 GWh.
Desafios enfrentados pela energia renovável no Brasil
Embora o potencial comprovado seja gigantesco, o Brasil ainda enfrenta alguns obstáculos que o impedem de atingir sua capacidade máxima de produção de energia renovável. A maioria deles estão ligados a fatores econômicos.
Embora, no longo prazo, as fontes renováveis possam reduzir as tarifas de energia, os investimentos iniciais precisam ser volumosos. Mesmo que a tecnologia tenha evoluído muito nos últimos anos e diminuído as despesas, ainda é preciso gastar muito com a infraestrutura necessária para produzir energia renovável.
Outro desafio a se levar em conta é que estamos falando de um investimento de risco. Afinal de contas, a performance da geração depende de uma série de fatores externos, assim como da sazonalização e condições climáticas favoráveis.
Para atrair mais investidores para o setor, é fundamental que sejam desenvolvidos novos modelos de negócio e de gestão de riscos financeiros. Apesar de já ter uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, o Brasil precisa se focar ainda mais em tecnologias de baixo carbono.
Além disso, é necessário criar campanhas de conscientização que mostrem as vantagens das energias renováveis, o que nos leva para o próximo tópico.
Vantagens da energia renovável no Brasil
Confira abaixo alguns benefícios que o investimento em energia renovável pode trazer para seu negócio e para o meio ambiente:
- Diferente dos combustíveis fósseis, as fontes renováveis são, em teoria, inesgotáveis;
- Ajuda no combate à emissão de gases do efeito estufa e do aquecimento global;
- Garantia da autonomia energética, uma vez que não depende da importação de combustíveis fósseis;
- Criação de novos empregos, principalmente em áreas menos favorecidas;
- Menos arriscada que a energia nuclear;
- Estimula o desenvolvimento de novas tecnologias.
O vídeo abaixo, da TV Senado, mostra porque a energia renovável é boa para o planeta e para o bolso:
Empresas que utilizam energia renovável no Brasil
Se as vantagens listadas acima ainda não te convenceram, vamos partir para exemplos concretos. Conheça abaixo cases de empresas que já utilizam energia renovável e tomaram a vanguarda desse movimento.
Braskem
A Braskem assinou um acordo com a EDF Renewables para comprar energia eólica por 20 anos. O contrato ajudará a viabilizar a expansão do Complexo de Folha Larga, na Bahia, e a colocar o estado como provável líder no setor nos próximos anos.
Além disso, a petroquímica fechou parcerias com a francesa Voltalia e a Canadian Solar Inc. A primeira prevê a compra de energia solar por 20 anos e a construção do complexo solar Serra do Mel, no Rio Grande do Norte; enquanto o segundo viabilizará a construção de uma usina solar no norte de Minas Gerais e o fornecimento também por 20 anos.
Ambev
A Ambev estabeleceu como meta que 100% da eletricidade que consome com suas operações em todo o mundo seja proveniente de fontes limpas e renováveis até 2025. No Brasil, a multinacional anunciou que construirá 48 usinas de energia solar para abastecer 94 centros de distribuição.
As usinas serão construídas em 21 estados e no Distrito Federal. A perspectiva é que haja uma redução anual da emissão de dióxido de carbono na ordem de 46 mil toneladas.
Claro
O grupo Claro Brasil, formado pela Claro, Embratel e Net, lançou em dezembro de 2017 o programa Energia da Claro. O conglomerado pretende usar fontes renováveis e outras ações de proteção ao meio ambiente em todas suas operações e instalações no Brasil.
As iniciativas já estão presentes em 12 estados por meio da inauguração de mais de 35 plantas fotovoltaicas ao redor do Brasil. O programa representa a redução da emissão de mais de 100 mil toneladas métricas de dióxido de carbono por ano, o equivalente a retirar quase 420 mil carros de circulação.
Embora os exemplos acima mencionem grandes empresas, as pequenas e médias também podem fazer a sua parte. Além de ajudar o planeta com o investimento em energias limpas, a entrada no setor pode representar novos ganhos por meio de operações estruturadas.
Quem se tornar autoprodutor ou gerador de energia associado à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) pode vendê-la aos consumidores do Mercado Livre com demanda entre 500 kW e 3 MW. Essa regra é válida para energia hidrelétrica, eólica, solar e biomassa.
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