A conscientização sobre o impacto ambiental da queima de combustíveis fósseis aumentou consideravelmente a busca por fontes alternativas, entre elas a energia de biomassa. Segundo a Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena), cerca de três quartos do uso de energia renovável em escala mundial envolve a chamada bioenergia.
A agência destaca especialmente o potencial da biomassa para aumentar o fornecimento de energia em países populosos e com demanda crescente, como Brasil, Índia e China. Não é à toa que essas nações ocupam as primeiras posições no ranking de capacidade instalada de bioenergia, como mostra o gráfico abaixo:
Com mais de 15 mil megawatts de capacidade instalada, a importância estratégica da energia de biomassa para o presente e o futuro energético do Brasil é incontestável. Neste texto, você aprenderá como ela é gerada, conhecerá seus prós e contras e entenderá seu papel na matriz energética nacional.
O que é energia de biomassa?
A energia de biomassa é resultado da queima de matérias-primas orgânicas. Essa definição, no entanto, não engloba combustíveis fósseis, apesar de estes serem derivados do ramo vegetal e mineral, como nos casos do carvão, do petróleo e do gás natural.
Essa distinção é feita porque o termo biomassa se refere apenas aos derivados mais recentes de organismos vivos. Os combustíveis fósseis, por sua vez, são resultado de transformações que demoram milhões de anos para serem totalmente realizadas.
Nesse sentido, o grande diferencial em relação aos combustíveis fósseis é que a energia de biomassa é renovável. Sua renovação acontece por meio do ciclo do carbono: a queima libera CO² na atmosfera e as plantas, através da fotossíntese, transformam esse CO² nos hidratos de carbono, liberando oxigênio.
Agora você pode estar se perguntando: mas, afinal, o que é usado para produzir a biomassa? Basicamente, os subprodutos da pecuária, da agricultura e de outras atividades, assim como a parte biodegradável de resíduos sólidos urbanos.
Essa lista inclui materiais como:
- Lenha;
- Bagaço da cana-de-açúcar;
- Papel e papelão já utilizados;
- Serradura de madeira;
- Galhos e folhas de árvores;
- Casca de arroz;
- Lodo de estações de tratamento de esgoto.
Além da queima para a produção de eletricidade, a biomassa também é o elemento principal de vários novos tipos de combustíveis e fontes de energia. Entre eles, podemos destacar o bio-óleo, o biogás, o BTL e o biodiesel.
Como é gerada a energia de biomassa?
Uma usina de biomassa funciona de forma parecida com as termelétricas, convertendo o calor da queima dos materiais orgânicos em energia. Esse processo de queima pode ser realizado de quatro maneiras:
1. Combustão
Essa é a forma mais convencional de produzir energia de biomassa: através da queima em altas temperaturas e na presença abundante de oxigênio. O vapor produzido por essa combustão é direcionado para mover turbinas e, assim, produzir eletricidade.
2. Pirólise
Nesse caso, a queima da biomassa também acontece em altas temperaturas, mas sem oxigênio, para acelerar o processo de decomposição. Os produtos obtidos por meio desse processo podem ser líquidos (como o bio-óleo) ou sólidos (como o carvão vegetal) e também podem ser queimados para produzir calor e eletricidade.
3. Gasificação
Assim como na pirólise, a biomassa é queimada na ausência de oxigênio, mas seu produto final é um gás inflamável chamado de syngas, ou gás de síntese. Esse biocombustível é uma mistura de hidrogênio e monóxido de carbono de alta combustão e também pode ser usado para produzir energia.
4. Co-combustão
Essa técnica utiliza a biomassa para substituir parte do carvão mineral usado para produzir energia. Suas principais vantagens são a redução da emissão de poluentes e do nível de poluição nos solos e nas águas e a diminuição dos desperdícios.
Quais são as vantagens e as desvantagens da energia de biomassa?
Como vimos acima, o principal ponto positivo da energia de biomassa é o fato de ser uma fonte renovável, desde que a intervenção humana seja feita de forma consciente. Além disso, entre suas outras vantagens, podemos destacar:
- Custo reduzido;
- Redução na emissão de gases poluentes;
- Fácil de armazenar, converter e transportar;
- Pode ser gerada a partir de vários materiais;
- Alta capacidade de aproveitamento dos resíduos.
Por outro lado, o principal ponto negativo da energia de biomassa é seu impacto ambiental, uma vez que pode comprometer a flora e a fauna de áreas verdes. Suas outras desvantagens incluem:
- Menor poder calorífico;
- Contribuição para a formação da chuva ácida;
- Custo elevado de equipamentos;
- Dificuldade no armazenamento e transporte da biomassa sólida.
Quanto custa gerar energia de biomassa?
O baixo custo é uma das vantagens mais atrativas da energia de biomassa. Se você ficou curioso para saber o valor exato, a resposta consta em um relatório da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) sobre a estimativa de custo de expansão das principais fontes energéticas do Brasil entre 2016 e 2025.
De acordo com esse estudo, gerar um megawatt-hora (MWh) a partir de biomassa custa, em média, R$ 189,78. Esse valor coloca esse tipo de geração de energia no terceiro lugar entre as fontes analisadas pela EPE.
Os outros destaques entre as mais baratas são a energia eólica (R$ 155,98) e a hidrelétrica (R$ 185,24). Por outro lado, as mais custosas são o gás natural (R$ 235,42) e a energia solar (R$ 286,92).
A energia de biomassa no Brasil
O Brasil possui, literalmente, um terreno fértil para expandir a produção de energia de biomassa. Afinal, conta com extensas áreas cultiváveis e condições climáticas favoráveis ao longo de todo o ano.
Para se ter uma ideia, a lenha já chegou a representar 40% da produção energética primária do país. Atualmente, segundo dados do governo, a biomassa é a terceira maior fonte da matriz energética brasileira, com sua participação rondando 9%.
Mas há muito espaço para crescimento. Estudos realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) identificaram a biomassa como uma das fontes com maior potencial para diversificar nossa matriz e reduzir a dependência dos combustíveis fósseis nos próximos anos.
O recurso com maior potencial de aproveitamento no país é o bagaço de cana-de-açúcar. Mas outras variedades vegetais, como o azeite de dendê, o buriti, o babaçu e a andiroba, também surgem como alternativas, principalmente para o abastecimento de energia elétrica de comunidades isoladas.
As perspectivas são tão animadoras que até mesmo gigantes do setor hidrelétrico, como a Usina de Itaipu, estão investindo em projetos de energia de biomassa. Veja mais detalhes na reportagem abaixo, da TV Brasil:
A energia de biomassa no Mercado Livre
Atualmente, é impossível falar de biomassa no Brasil e não mencionar o Mercado Livre de Energia. De acordo com o boletim de março de 2021 da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), 85% da energia de biomassa gerada no país é vendida no Ambiente de Contratação Livre (ACL).
Vale lembrar ainda que, por ser renovável e ajudar a diversificar nossa matriz, a energia de biomassa entra na definição de energia incentivada da Aneel. Ou seja, o governo estimula seu uso por meio de descontos tanto na produção quanto no consumo.
Isso significa que a energia de biomassa pode proporcionar uma redução de custos considerável para sua empresa. Para ter certeza que vai pagar menos na conta de luz, é fundamental contar com a assessoria de consultorias especializadas em gestão de energia elétrica, como é o caso da Esfera Energia.
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