Independentemente do porte, do nicho ou do tempo de mercado, toda empresa precisa fazer uma gestão de riscos eficiente. Isso porque ameaças existem e estar preparados para enfrentá-las é fundamental.
Na análise SWOT, uma ferramenta de planejamento estratégico, a avaliação das ameaças externas e das fraquezas internas é um dos passos da análise que ajuda a visualizar os potenciais riscos que o negócio pode enfrentar e quais danos eles causam.
Por isso, seja para abrir um negócio ou para ajustar as estratégias para um novo ano de trabalho, identificar os principais riscos corporativos e definir formas de evitar ou minimizar seus impactos é fundamental.
Neste artigo, explicamos o que é gestão de riscos, sua importância no contexto corporativo, os principais riscos aos quais as empresas estão vulneráveis, as definições da ISO 31000 e dicas para fazer uma gestão de riscos eficiente.
Boa leitura!
O que é gestão de riscos corporativos?
A gestão de riscos corporativos é o processo contínuo de administração de tarefas cujo objetivo é identificar as ameaças às quais um negócio está sujeito e definir medidas preventivas com o apoio de recursos técnicos e humanos que evitem ou minimizem o impacto no trabalho da empresa.
Adotar essa prática é importante porque quando os principais riscos corporativos não são identificados e, pior, negligenciados, eles podem causar danos sérios tanto às atividades internas quanto à imagem do negócio no mercado.
Porém, o tema não deve ser tratado com extremismos. Até porque os riscos são um aspecto inerente aos negócios, mas perfeitamente gerenciáveis.
Por que a gestão de riscos corporativos é importante?
A gestão de riscos corporativos é importante porque a empresa mantém-se um passo à frente dos problemas. Afinal, quando um risco em potencial é identificado, a gestão define um processo para barrá-lo ou estabelece uma regra para evitar comportamentos que levem à ameaça.
Nas últimas décadas, a digitalização do mercado se intensificou, as cadeias de produção e distribuição se tornaram mais complexas e o número de ataques cibernéticos, golpes e fraudes aumentaram consideravelmente.
Nesse cenário, as empresas precisam proteger seus dados internos de operação e dos clientes. A partir dessa premissa, o gestor de riscos levanta quais são as ameaças presentes, se são altas ou baixas, se a infraestrutura da empresa está defasada ou não, quais os investimentos necessários, entre outros pontos.
A ‘Pesquisa Global de Riscos 2022’ da consultoria PwC alerta sobre a importância dada à gestão de riscos pelas empresas brasileiras. Segundo o estudo, 60% dos executivos do Brasil planejam aumentar investimentos em tecnologia com o objetivo de gerenciar os riscos do negócio. A média mundial é de 65%.
O estudo também destaca que, no Brasil, os executivos se concentram na automação de processos, enquanto o foco global é na análise de dados.
Segundo o analista da PwC, em entrevista à Folha de S. Paulo, mesmo desalinhado das médias globais, o Brasil segue o caminho natural para amadurecer os processos na área. Primeiro, o investimento vai para automação e depois, a análise de dados é priorizada no gerenciamento de riscos.
Dessa forma, as empresas nacionais têm bastante trabalho a fazer para se alinhar ao restante do mundo.
Quais são os principais riscos corporativos?
Os tipos de riscos corporativos variam de acordo com o modelo de negócio e as atividades desenvolvidas por cada empresa. Por isso, cada estratégia de gestão tem diretrizes baseadas nos pontos mais importantes para a organização.
Para entender o cenário mundial atual, listamos os exemplos de riscos corporativos apontados por executivos europeus ouvidos na pesquisa ‘Risk in Focus 2022’ do Instituut Van Internal Auditors, da Holanda. Confira!
1. Segurança da informação: resposta e recuperação
O primeiro risco corporativo da lista é a segurança da informação. Os dados que uma empresa armazena são estratégicos e valiosos. Portanto, os esforços em evitar essa ameaça são prioridade.
De acordo com a pesquisa, 82% dos executivos afirmam que cibersegurança e segurança de dados são os principais riscos corporativos enfrentados no dia a dia corporativo. Além disso, 34% destaca esse como o maior risco individual.
Os cibercriminosos exploram justamente falhas de segurança devido a interrupções operacionais, além se aproveitarem da vulnerabilidade ou falta de conhecimento dos usuários para invadir sistemas empresariais.
Em contrapartida, os executivos afirmam que suas empresas investem em protocolos de resposta e recuperação, conseguindo recuperar seus sistemas, gerando pouco ou nenhum dano às operações.
2. Aumento das regulamentações de sustentabilidade
As regulamentações de sustentabilidade são uma diretriz atual de vários mercados como o setor financeiro e a indústria, por exemplo.
Por isso, as mudanças nas leis e regulamentos são os principais riscos, apontados por 46% dos profissionais entrevistados na pesquisa.
As empresas sustentáveis e que adequam sua estratégia ao ESG ganham destaque no mercado e esse reconhecimento fortalece sua posição e potencializa o faturamento.
Já uma postura contrária pode prejudicar a reputação e a imagem do negócio do mercado, levando a perdas econômicas e até multas, dependendo da gravidade da inadequação.
3. Digitalização acelerada
A digitalização acelerada é outro tipo de risco que pode deixar uma empresa para trás no cenário atual de intensa transformação digital.
A principal preocupação é avaliar se o modelo de negócios está suficientemente adaptado para atender à nova realidade digital.
Qualquer evidência de que os concorrentes estejam inovando de maneiras que ameacem o seu negócio, deve ser discutida pela administração executiva para que medidas estratégicas urgentes sejam tomadas.
Para 45% dos executivos, otimização de recursos, implementação de novas tecnologias e aplicação da Inteligência Artificial são os principais desafios enfrentados na busca por inovação.
4. Fadiga da força de trabalho e desgaste da cultura organizacional
No cenário pós-pandêmico, um dos principais riscos corporativos enfrentados pelas empresas é a fadiga da força de trabalho e desgaste da cultura organizacional.
Os principais desafios no gerenciamento desse risco, apontado por 40% dos entrevistados, são: o capital humano, a diversidade e a gestão de pessoas. Já para 27%, o desgaste da cultura organizacional é um fator preocupante.
À medida que as empresas avaliam como ajustar os modelos de trabalho no mercado pós-pandemia, os riscos para a cultura, a moral e a coesão da equipe não devem ser subestimados.
5. Resposta à pandemia: resiliência organizacional e estratégica
Ainda dentro do contexto pós-pandemia, é impossível ignorar seus efeitos e, por isso, as ameaças desse período precisam estar no radar das empresas.
Os riscos mais significativos provocados pela pandemia para 38% dos executivos são a continuidade dos negócios, o gerenciamento de crises e a resposta a emergências corporativas.
As empresas que tinham processos consistentes e conseguiram mantê-los durante o período de crise não apenas enfrentaram um desafio de curto prazo de manter a continuidade, mas também responderam aos eventos inesperados da pandemia desenvolvendo resiliência e refinando suas estratégias.
6. Risco financeiro e a onda de inadimplência iminente
O risco financeiro e a onda de inadimplência também são ameaças atuais no radar da gestão de risco das empresas. Para 33% dos executivos, os principais problemas são os riscos financeiros de liquidez e de insolvência.
Por isso, as empresas precisam ficar atentas ao impacto desses fatores no seu negócio e fazer projeções para traçar ações preventivas e se proteger desses riscos.
A estimativa de aumento da taxa global de insolvência para 2023 é de 19%. Os principais motivadores são: inflação, aperto monetário (aumento das taxas de juros), crise energética e interrupções na cadeia de suprimentos.
Veja também: O que é e qual a importância da gestão de custos nas empresas?
7. Aumento da inflação e a repressão fiscal global
O momento também exige atenção a dois riscos externos importantes que é o aumento da inflação e a repressão fiscal global.
Para 32% dos profissionais entrevistados a incerteza macroeconômica e geopolítica são os maiores riscos. Conflitos como a Guerra na Ucrânia e as constantes tensões entre Estados Unidos e China/Rússia são eventos que impactam diretamente o mercado mundial.
A inflação disparou com a retomada econômica e os governos das principais economias do mundo estão flertando com o aumento de suas taxas globais de impostos corporativos.
8. Mudanças climáticas e sustentabilidade
As mudanças climáticas e a sustentabilidade saíram das pautas de discussão e, agora, são itens prioritários nos mapas de riscos corporativos.
Na pesquisa ‘Risk in Focus 2022’ 31% dos executivos veem esses assuntos como riscos relevantes para o sucesso de suas organizações — em 2021, 22% alegaram ter essa preocupação (um aumento de 40% em um ano, subindo cinco posições no ranking).
A recomendação é investir no mapeamento das atividades, produtos e subprodutos, criando estratégias de sustentabilidade e inovação para manter a relevância no mercado. As empresas líderes nestas iniciativas vão usá-las como diferencial competitivo.
9. Alterações na cadeia de suprimentos e busca por flexibilidade
A pandemia comprometeu as cadeias de suprimentos em diversos setores, gerando escassez de matérias-primas e, consequentemente, dos produtos finais.
O momento crítico passou, mas essa alteração ainda gera pressão nas cadeias de suprimento. Nesse cenário, 30% dos executivos ainda consideram a cadeia de fornecimento e a terceirização como riscos atuais.
Os negócios devem analisar com atenção suas necessidades, a confiabilidade dos seus fornecedores, além de sua capacidade de atender as demandas.
Veja também: Como fazer a gestão de fornecedores?
10. Saúde e segurança
Fechando a lista de principais ameaças presentes na gestão de risco atuais, está a saúde e a segurança, especialmente devido à ameaça contínua da Covid-19.
Após a vacinação, as taxas globais da doenças diminuíram, mas o contágio ainda impacta as empresas porque gera afastamento do trabalho e riscos de infecção em massa. Por isso, 22% dos executivos estão de olho nos protocolos de segurança e proteção de suas equipes.
ISO 31000 e gestão de riscos
A ISO 31000 é a norma reguladora da International Organization for Standardization (ISO) que determina as diretrizes para criação, implementação e manutenção de processos de gestão de riscos eficientes nas empresas.
Os riscos corporativos mencionados no tópico anterior e outros associados às características de cada negócio podem ser avaliados com o apoio das regras da ISO 31000.
O objetivo é que as tomadas de decisão sejam feitas considerando todas as variáveis que envolvem os processos estratégicos, operacionais e de projetos da organização.
Como fazer a gestão de riscos?
De forma resumida, o Processo de Avaliação de Riscos proposto na ISO 31000 para fazer gestão de riscos envolve as etapas abaixo:
Escopo, contexto e critérios
- Escopo da gestão de riscos
- Contexto externo e interno
- Contexto da gestão de riscos
- Definição de critérios de risco
Processo de avaliação de riscos
a. Identificação de riscos
- O que pode acontecer?
- Quando e onde?
- Como e por que?
b. Análise de riscos
- Identificar os controles existentes
- Determinar consequências e probabilidade
- Determinar o nível de risco
c. Avaliação de riscos
- Comparar com os critérios
- Estabelecer prioridades
- Tratar os riscos?
- Não – encaminhamento para monitoramento e análise crítica
- Sim – vão para o tratamento de riscos
Tratamento de riscos
- Identificar as opções
- Analisar e avaliar opções
- Preparar e implementar planos de tratamento
- Analisar e avaliar riscos residuais
Registro e relato
- Registro de riscos
- Matriz de riscos
- Bow tie (ferramenta para determinação da probabilidade de um evento de topo ocorrer)
Mais eficiência e menos riscos na empresa
A gestão de riscos protege a empresa de ameaças internas e externas e contribui para incentivar a ética no ambiente de trabalho.
Afinal, a postura dos profissionais da equipe é determinante para tratar os riscos corretamente, evitando que ocorram e prejudiquem os negócios.
Dessa forma, cada processo é executado com segurança e dentro das diretrizes definidas para o negócio.
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